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Abril, 2022

não durmo #11 - sonhar acordado com Walter Mitty - uma perspectiva ordinária da mudança

naodurmocast | 13 min de leitura 📖

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Deixa eu te falar que sabemos que precisamos mudar, podemos não ter sonhos lúcidos e vívidos sobre essas mudanças apenas por um desejo, mas estamos constantemente desenhando dentro da nossa cuca as formas e caminhos que nossas vidas poderiam tomar a qualquer momento.

Walter Mitty faz isso com excelência, os sonhos lúcidos e vívidos. Os detalhes expostos nesse filme não o tornam memorável como uma obra, mas nos entregam de bandeja o sal e açúcar necessários para compreender a beleza do ordinário e do que está além.

A mudança nos pequenos atos são práticas diárias, esforços contínuos para atingir um objetivo para compensar um desejo. Esses atos são como colocar uma música animada como despertador e te dar o gás para você levantar e estudar um pouco mais, ou escolher uma fruta ao invés do chocolate após o almoço, claro que a vida é mais densa e complexa do que uma mudança de hábito ou comportamento, mas em uma visão mais ampla, assim como os pequenos atos em busca dessa mudança podem trazer bons resultados, o simples viver ordinariamente pode também trazer eventos destrutíveis.

Mas a mudança aqui também não se trata apenas do que você vai fazer, mas na construção da sua percepção de mundo e a quebra das limitações do que você pode fazer. Hoje, estamos presos a um mar de informações que nos bombardeiam constantemente com o que podemos ter, podemos fazer ou ser... SE, agirmos de tal forma, ou comprarmos tal coisa. O condicionamento não nos permite ser um Walter, pois o medo congela os nossos pés e não damos o próximo passo, e tudo bem, isso não é o problema, talvez aqui o problema seja ignorar essas variabilidade, essa possibilidade de, como disse James Thurber na história de Walter Mitty "Viver a vida pelo ABC... Aventura, Bravura e Criatividade...".

Dos primeiros passos em sua mudança, Walter busca por uma companhia, essa que quando apresentada no filme, é o potencializador de uma porção de mudanças, mas que se baseiam em um único, vamos por assim, empurrão, que é o diálogo no qual ela faz com que Walter perceba que, independente das suas limitações, a única coisa que o impede de fazer algo, é ele mesmo. 

Pode parecer bobo, quando comparamos com tantos problemas que enfrentamos no dia-a-dia, mas a questão não é superar o problema, mas compreender o todo e possuir clareza da possível solução. A mudança de Walter parte da simples ação de um clique, uma ação difícil por N questões que incorporam a personagem e acabam desastrosas quando o clique falha... Mas isso o leva para uma ligação com a equipe do site de relacionamentos e soma-se aqui outro empurrão, a perspectiva de outrem sobre a sua visão.

Talvez seja isso, um belo passo para a tal mudança, tentar enxergar as coisas com outros olhos. Isso é como o vício, que nos abraça com força, lutamos para nos afastar e quando tudo parece ruim, perdemos a clareza, o olhar externo sobre o quão ruim é aquilo e nos voltamos para dentro, ignorando o que foi aprendido.

Grandes mudanças começam com pequenos atos, que causam um efeito em cadeia.

A grande aposta do filme de Walter Mitty, não está somente na percepção da mudança apenas de Walter, como em como isso influencia o mundo ao seu redor, tão delineada é essa ideia, como na vida de McCandles, que em sua jornada conecta histórias e vidas de desconhecidos deixando uma migalha de si a cada passo. No longa dirigido por Sean Pean, Na Natureza Selvagem, vemos uma mudança além do desejável, mas necessária, o tipo de mudança que ainda vamos discutir em um próximo episódio, mas cabe aqui para observarmos as diferenças entre o ordinário e o radical, pois McCandles abdica imediatamente dos padrões estipulados em sua vida; migalhas que foram se juntando e criando em sua mente a concepção de uma vivência plena e contemplativa, um tanto quanto distante de Walter, mas não destoante de seus significados. 

Sobre o mundo ao nosso redor, nós precisamos dessa conexão, não somos seres individuais, assim como nossas ações, que ao influenciar quem está perto, acaba indo além e repercutindo muito mais do que podemos imaginar. McCandless deixou seu legado.

[...] Afelicidade só é real quando compartilhada [...]

E mais do que a felicidade, real é a mudança em estado coletivo que nos faz evoluir no dia-a-dia, os pequenos sorrisos e mãos estendidas que suportam conosco nossas melhores e piores ideias, que incentivam destravas nossos receios e muitas vezes nos empurram no furacão do desconhecido.


Por fim, segue alguns links interessantes 🔗


Ben Stiller no seu melhor // Cine Maçã fez um vídeo inspirador dando sua opinião principalmente sobre a plástica no filme A Vida Secreta de Walter Mitty. É uma visão maneira, considerando que a crítica não reagiu bem ao papel de Stiller e aqui concordo com Cine Maçã, é o melhor do ator.

Unravelling TSLOWM from a Daydreamer's Perspective // Artigo maneiro do empowereddaydreamer.

Confessions of a Daydreamer // Publicado no The NY Times Mag, David Fear traz uma história interessante para comentar sobre a sua experiência e opinião do filme de Ben Stiller.

Escapism vs Community // Opinião do canal A Moonlight English Teacher sobre uma dupla perspectiva das atitudes de McCandles em Na Natureza Selvagem, é maneiro como é colocado esses dois extremos que refletem isolamento e social.

Into the Wild por Jon Krakauer // Livro publicado pelo jornalista Jon Krakauer que acompanha a jornada de McCandles através de registros que ele deixou em vida e relatos de parentes e conhecidos.


Obrigado por estar aqui, e até a próxima.

Nº11 • T02